O tempo e o fim


Se a gente se apega ao celular, ao carro e até a aquela blusa que a gente nem gosta de emprestar; como então não se apegar as pessoas? Quando conhecemos alguém e o nosso santo bate com o santo do outro, pronto, só isso já pode bastar para que iniciemos um relacionamento e a pessoa já fique gravada em nossos corações. Às vezes, nem precisamos conviver com ela por muitos anos, basta alguns dias e já dizemos se gostamos ou não de alguém.
Vai me dizer que você não se lembra de um amigo da sua infância, das brincadeiras que faziam?  E daquela amiga do ensino médio com quem vocês trocavam confidências e diziam que a amizade não ia acabar junto com o último ano da escola? E o garoto que te deu seu primeiro beijo, você se esqueceu dele?
Quantos momentos, quantas pessoas passaram pela sua vida, a gente pensa que esquece, mas basta forçar a memória um pouquinho, que o coração se lembra e, às vezes, até sente saudade. A verdade é que assim como aqueles objetos que eu citei, as pessoas também vão embora um dia. Seja devido ao tempo, a distância e aos nossos inúmeros compromissos. Seja porque deixamos essas pessoas partirem ou porque não tivemos forças para “segurá-las”.
Infelizmente, muita gente com quem você tem contato hoje, você nunca mais verá daqui alguns anos. Seus colegas do serviço e da faculdade, por exemplo, ou até mesmo um avô que está velhinho e pode vir a falecer a qualquer momento. A gente sabe de tudo isso, mas nunca estamos preparados.
Geralmente, vivemos cada momento como se eles fossem se repetir um dia e convivemos com as pessoas como se elas fossem ficar para sempre em nossas vidas. E até por isso trabalhamos e estudamos mais do que nos divertimos, convivemos mais com quem não gostamos tanto ao invés de passar mais tempo com quem amamos. A gente não aprende e aí, quando essas pessoas vão embora deixam um gostinho de que deveriam ter ficado mais, de que não a aproveitamos o suficiente. 
Porém, talvez, elas tinham hora certa para aparecerem e partirem de nossas vidas e caberia a nós aproveitar o tempo que nos foi dado para ficar juntos. Além do mais, como dizia o poeta Fernando Pessoa “o valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”.

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